Lidar
com ansiedade da Geração Y é desafio para empresas
Thiago Minami
Agência
USP de Notícias
Nascida
do início da década de 1980 até meados de 1990, a Geração Y está tomando o
mercado de trabalho brasileiro. Esses jovens são tidos como individualistas,
imediatistas e ambiciosos. Um estudo da Faculdade de Economia e Administração
(FEA) da USP aponta que, para as empresas, o grande desafio é aproveitar
características como a rápida adaptação a mudanças e o questionamento constante
aos gestores. Ao mesmo tempo, a Geração Y precisa lidar com a ansiedade
excessiva em ascender na carreira e ganhar altos salários.
Para
sua pesquisa de mestrado, o administrador André Laizo dos Santos entrevistou
profissionais de recursos humanos (RH) e gestores de 12 empresas de setores
variados, entre elas multinacionais conhecidas. A conclusão foi que não basta a
companhia estar alinhada com os valores da Geração Y. Para lidar bem com os
jovens profissionais, o RH precisa estar preparado com ferramentas e programas
estruturados para apoiar os gestores na condução dos jovens profissionais,
considerados arredios a regras, procedimentos e hierarquias.
Por
exemplo, com estrutura definida de cargos e salários, plano de carreira,
avaliação de desempenho e avaliação de competências com retorno de informações.
Estratégias como essas ajudam a aproveitar pontos positivos da geração, como
saber focar-se no resultado e ter compromisso com entregas, dinamismo e
interesse em colocar ideias e participar das decisões. Quando mal gerenciadas,
as mesmas características levam a trabalhos desenvolvidos de modo superficial,
que podem deixar clientes insatisfeitos.
E
não adianta tentar enganar a Geração Y com falsas promessas para a carreira.
Quando elas não se se concretizam, os profissionais logo optam por sair da
organização.
Competitividade
desde o berço
“Essa geração cresceu num contexto de muita competitividade. Desde pequenos, foram treinados para serem os melhores. Fizeram cursos de língua, intercâmbio e ingressaram em boas faculdades”, diz Santos, que é graduado em administração de empresas e foi orientado pela professora Marisa Pereira Eboli.
“Essa geração cresceu num contexto de muita competitividade. Desde pequenos, foram treinados para serem os melhores. Fizeram cursos de língua, intercâmbio e ingressaram em boas faculdades”, diz Santos, que é graduado em administração de empresas e foi orientado pela professora Marisa Pereira Eboli.
Essa
alta qualificação, assim como a facilidade em obter informações pela
tecnologia, é requerida pelas organizações, hoje inseridas num contexto que
exige estruturas mais complexas. Mas pode reverter-se em arrogância dos
profissionais, que passam a se achar essenciais para o empregador e pressionam
demais por desafios mais avançados, promoções e salários.
“A
ansiedade em ganhar autonomia e receber bons salários é fruto do estilo de vida
com regalias durante a adolescência e, em alguns casos, também na infância. É
diferente das gerações anteriores, que tiveram mais trabalho para obter o
básico”, diz Santos. A garantia recebida da família faz com que a Geração Y
tenha menos pressa em cumprir os ritos de passagem, como entrar no mercado de
trabalho e constituir família. Com menos responsabilidades, não precisam ter
tanto compromisso com as organizações.
Para
os entrevistados da pesquisa, a característica mais relacionada à Geração Y é o
individualismo. “Eles fazem as escolhas com base no que é melhor para eles. Se
precisarem sair da organização, saem. A relação é como a de um casamento:
quando não está bom para os dois lados, termina”, aponta um profissional de RH.
Alguns
afirmaram que as outras gerações também eram ansiosas e buscavam alinhar
necessidades pessoais e organizacionais. No entanto, a Geração Y é a que mais
expressa suas angústias e reage para resolvê-las. Também demonstra autonomia na
hora de perseguir os objetivos. Com uma ressalva: esperam que o gestor aponte
aonde devem chegar e, a partir daí, preferem caminhar até lá por conta própria.
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